quinta-feira, 1 de julho de 2010

Sem juízo nenhum


Minha mãe é e sempre foi muitíssimo comedida. Diferente de mim, fala baixo, é discreta, cordata e tem um ar de serenidade e de paciência absoluta.
Muitas vezes, na maioria delas em algum momento de correção da mãe para com os filhos, me pego ouvindo suas contações de histórias. Aprendo sobre como ela foi sempre uma criança ajuizada e tranqüila, longe de causar, aos pais, quaisquer problemas.
Essa semana, porém, um fato aconteceu.
Eu, exaurida, com os pés pra cima e braços abertos, descansando em minha cama após uma manhã de malhação, recebi uma visita na janela de meu quarto.
Minha mãe, de roupas encharcadas e cabelo pingando água, com a franja colada na testa, e sorridente, afastou as folhas da janela de vidro e começou a contar. Estava molhando as flores plantadas de maneira a acompanhar a lateral da piscina, se descuidou, pisou em falso, e caiu na água fria das piscinas em mês de julho.
Minha mãe, sempre discreta, tranquila, estava encharcada e realizada:
- Está vendo? Agora tenho histórias de proezas para contar aos meus netos. Ou você estava achando que eu era puro juízo?

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