quinta-feira, 28 de junho de 2012

Insolúveis noites


Ultimamente tenho perdido o sono. Quando tenho bastante sorte, meus olhos querem fechar antes das 3 da manhã. Agora, quando os olhos escolhem não dormir, decido nem olhar pro relógio, com medo de ele ter acelerado o passo levando a noite embora.
Mas não é culpa dos olhos não quererem fechar. É culpa da cabeça pensar muito, pensar sempre. Faço planos, desfaço, penso naquelas questões que parecem insolúveis, volto nos planos, tento solucionar aquelas questões que eu quis fingir que esqueci, lembro de coisas da infância, desfaço planos novamente, e a noite se vai, longa e cheia de inveja de quem está roncando, em outro mundo, bem ali do lado.
Por entre os planos e as preocupações, penso em temas de crônicas. “Puxa, quando eu acordar, vou escrever sobre aquele assunto. Vai ficar bom!”.
Uma hora, demore ou não, durmo. E quando amanhece, e a lua se vai, o assunto se vai com ela, e eu não tenho idéia do que pensei em escrever.
Sabendo que o assunto só vai voltar na próxima noite de muito pensamento e pouco sono, fico a imaginar sobre o que era. Se ao menos eu tivesse anotado!
Por outro lado, se eu tivesse anotado, de que outro modo eu poderia chorar as pitangas para os leitores e contar que não ando dormindo de preocupação com algumas questões que parecem insolúveis?

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Ordem e Progresso


Sinto que às vezes as palavras se repetem, que os temas são meras cópias, mas o que fazer se as preocupações e as indignações perduram, ecoam da mesma maneira - ou até mais - do que antes.
Cada dia mais me sinto afundada em falhas e lacunas que a educação não anda dando conta de consertar, ou seria concertar?
Os emails bem humorados apontam as pérolas do Enem; a internet espertíssima trata de divulgar as grafias mais esdrúxulas de palavras comuns; ela mesma, ironicamente, veicula mensagens de internautas apaixonados, uns para os outros, que tanto “si amam”; os alunos me desconcertam com seus “concertezas” grafados nas provas.
Minha preocupação é: se o professor anda com dificuldades de desconstruir erros e maus-aprendizados, e construir um aluno que ande lado a lado com a educação, tenho até medo de parar para pensar no que o computador vai poder fazer, sozinho, em favor do ensino.
Não se engane, não sou contra o progresso. Também não tenho um perfil saudosista. É só um sentimento de companheirismo, de pensar que trabalhar juntos seria, assim, progresso pra todos.
Mas vou aprendendo. A idade, que, confesso, não é muita, anda me ensinando a duras penas que as indignações tem que ecoar por muito tempo até começarem a fazer barulho. Vamos assim, obedecendo a ordem de quem manda, de quem acha que assim se anda fazendo progresso.