terça-feira, 9 de julho de 2013

O que a Betty Faria? Juro que não sei...

Fiquei muito decepcionada – e por quê não descrente – quando li, durante dois dias seguidos, matérias na UOL que se dedicavam a discutir o assunto da atriz Betty Faria de biquíni na praia. 
Começando pela minha indignação acerca do ibope e da repercussão de uma futilidade desse tamanho, perco a fé na sociedade, que ainda perpetua essas eternas burrices, tais quais o que mulher deve e não deve fazer, o que deve ou não deve mostrar, o que é feio o que é bonito.
De acordo com as matérias que li, homens e mulheres questionaram a combinação senhora + biquíni, alegando que o corpo envelhecido da atriz merecia ficar privado dos olhares incomodados, coberto numa peça única, daquelas que costumam ser o álibi de quem anda fora de forma.
Eu, sinceramente, gostaria de entender tantas coisas que não me entram na cabeça, embora fiquem martelando meu cérebro até virarem palavras escritas. Penso que estamos imersos em numa cultura machista a perder de vista.
Sim, machismo. Caro leitor, pense alto, pense profundo. Chame como quiser, mas pense. Estou falando de uma sociedade machista, não de homens machistas apenas, mas de mulheres também, já que foram elas as primeiras a criticar, pensando que talvez na idade da Betty Faria estarão em muito melhor físico, atendendo felizes à tirania exigente da beleza, ou planejem se esconder no futuro, quando a velhice também lhes chegar.
Mulheres, defendam-se! Ajudem-se! Propiciem para as outras o que gostariam para si mesmas! Menos braço-de-ferro, mais tranquilidade! Poucas mulheres entendem a gravidade do que fazem. É o sexismo ao quadrado. Ao cubo, ou sei lá a que forma geométrica. Ser mulher é complicado, ser mulher feia, então, é caso de extermínio! E as próprias mulheres concordam?
Homens são unidos, cuidam uns dos outros, protegem. E a nós, parabéns!, criticamos a Betty Faria na praia, achando que mulher feia, velha e gorda deve sair do mapa, deixando o caminho bem livre para que os olhos dos nossos meninos encontrem somente o que merece ser apreciado.
No primeiro parágrafo do meu texto, perguntei se só se pode mostrar o que é bonito. Mas e se chegássemos à conclusão de que nem todos querem mostrar...? Nem todas são as Melancias, Bananinhas, Moranguinhos e outras mercadorias da quitanda televisionada. Nem todas estão vendendo algo. Algumas estão se divertindo sozinhas, em seus biquínis, de pé na areia e nada mais.
Betty, não sei o que você deveria ter feito, não sei o que eu faria, mas se você pudesse me ouvir, gostaria de dizer que nem feia nem bonita, nem nova e nem envelhecida... Mulher, minha amiga. Palavra simples, mas que vem carregada com tantas regras, normas, não-me-toques e não-me-reles, o que é uma pena. Meu conselho: só seja mulher.

2 comentários:

  1. Palavras bem arranjadas, com sacadas pontuais e um ideal plenamente convicto: Não dá pra ficar alheio ao seu discurso direto.
    Que a sociedade é superficial e extremamente mainstream, não existem dúvidas. Agora, esse posicionamento feminino em favor do machismo é realmente decepcionante. Você tem plena razão em todos os cantos desses texto.

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