Em dezembro de 2009, no último
dia do ano, achei que o Boris Casoy tinha feito uma abobrinha tão grande da
qual se arrependeria por longos anos. Acidentalmente deixando o áudio do
microfone ligado, ofendeu violentamente os garis que lhe desejaram Feliz Ano
Novo no final da reportagem.
Fiquei chateadíssima quando do
acontecido, daquele tipo de chateação que afeta parecendo que o que aconteceu,
aconteceu com você. Vi-me muito chocada pela forma baixa que Boris escolheu e
organizou as palavras contra pessoas tão humildes, e que, com tanta ingenuidade
lhe desejavam votos de um bom ano seguinte.
Lembro-me de, na época, ter
escrito à Bandeirantes um longo email, no qual questionei o cargo de Casoy e as
intenções da emissora em manter um jornalista preconceituoso, prosaico, n
função de uma pessoa formadora de opinião. Nunca obtive resposta, como h
averia
de ser. A verdade é que não me importo com respostas. Sempre gostei mesmo é das
perguntas, confesso.
Isso me faz pensar na pessoa que
este formador de opinião certamente é. Com potencial para maltratar
secretários, garçons, faxineiros, possivelmente os responsáveis pela injusta
audiência que tem o canal, e que estão por aí trabalhando na invisibilidade,
plenos de utilidades, Boris Casoy permaneceu trabalhando tranquilamente, mesma
consciência, horários, trabalho, responsabilidades, e, ainda, descobriu nesta
última sexta-feira, dia 19 de julho, que está isento de pagar a multa que lhe
poderia ser aplicada pela ofensa provocada.
São estes e outros tipos de
injustiça que reforçam a permissão para humilhações, a trabalhadores, aos
garis, a mim também. Não penso e nunca pensarei que o dinheiro remendaria os
trapos que ficaram de uma situação vexatória como esta criada por este
jornalista arrogante e prepotente. Acho, porém, que ouvir o juiz dizer que isso
não foi ofensa nenhuma à classe dos garis, dá a pessoas pequenas como Boris
Casoy a perigosa liberdade para achar que seus pensamentos mal-formados e estúpidos
merecem espaço nas transmissões da televisão.
Descobri, ainda, uma outra coisa,
no meio de toda essa história de final impune, que revela o poder e o domínio
de faculdades com o dinheiro e a fama. Descobri que concordo em uma coisa com o
Boris Casoy. Concordo que esta é mais uma daquelas histórias da qual se poderia
dizer: “Isto é uma vergonha”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário