sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Memórias educadas


Há quem acredite que aquilo que fica em nossa memória, e que nos forma como pessoa, pode se tornar, ou pode, talvez, nos tornar obsoletos.
Eu, porém, discordo.
Hoje cedo, passando por uma estrada desconhecida, vi uma pousada pendurada na encosta de uma montanha. A "Pousada da Vovó Ana" tinha cara, cheiro, aparência, de coisa de vó.
Tenho muito apreço para com aquilo que consideramos como coisa de vó. Uma pitada de velharia é tão importante quanto a modernidade do tempo presente.
Acredito, por exemplo, na eficiência de uma educação tradicional - não severa, mas exigente! - na escola, em casa, fora delas também, por que não.
Acontece que a minha crença neste sistema deve mesmo estar por fora.
Tenho assistido a algumas mudanças na educação que cortam meu coração e varrem por agua abaixo grande parte daquilo que aprendi como ensinadora.
Sâo mudanças que eliminam o contato entre as pessoas, que minimizam experiências que podem ser trocadas entre elas, que massacram com as expectativas e planos de quem se preparou pra ser doador de tudo o que tem. Acho impossível, depois, cobrar humanidade, menos frieza e mais consideração das pessoas, quando as relações propostas pela educação tem, de certa maneira, abolido com a idéia de coletividade.
Espero eu que os resultados venham a muito longo prazo, ou não venham, porque o que se planta, quase sempre se colhe.
Não tenho certeza se estou, ainda, certa ou errada. Sei que não mais vou me torturar por escolher, muitas vezes, querer morar dentro de uma realidade que, aos poucos, nem mais me pertence.
Acompanhada das minhas memórias de uma época em que avós tomavam tabuadas enquanto os pais trabalhavam, das minhas expectativas e investimentos carregados até agora, vou pagando - e quase não recebendo - pra ver onde é que iremos todos parar...

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