quarta-feira, 22 de maio de 2013

Tendências - e pendências - modernas


Preciso confessar que adoro fazer parte das modernidades adolescentes. Ainda que tenha alguma – vaga – noção de que passei de fase, me sinto extremamente à vontade com elas, talvez porque me permitam voltar exatamente pra onde pertenço: para as imaturidades que insistem em morar mesmo que eu cresça.
Em um desses dias, a Polyanna – filha postiça - me apresentou o StarMaker, aplicativo de celular que simula um karaokê elaboradíssimo, que além de orientar o cantor – ou o que pensa que é - com a letra da música, orienta também o tom e as oscilações da voz do cantor original. Ganha ponto quem fizer bonito.
Na tentativa de convencê-la sobre meu autocontrole, embora ela saiba bem da verdade, cantei apenas duas ou três músicas, mas o fato é que estou in love com o danado, e pretendo continuar exercitando meus dotes musicais.
Tudo isso para contar que em uma dessas tardes encontrei uma colega que vejo com frequência. Apavorada, ela me contava que o paquera não responde as mensagens enviadas por ela via celular. Estaria o celular dele desligado? Fora de área? Estaria o coitado do moço sem crédito pra responder? Estaria ele não as recebendo, já que a VIVO tem andado MORTA?
Sofri para orientar minha colega. Passei apertado tentando falar sobre esta arte de saber ao certo quem deve ligar, quem não deve, que, de fato, não domino: Se um liga, acua o outro, se não liga, está desprezando. Se preferir não ligar, e optar pela mensagem, pode parecer descomprometido demais, mas pode também ser um modo sutil de chegar. Ficar sem atender o mocinho pode ajudar a valorizar, mas se ele for dos impacientes, logo desiste.
Quando pensei em sugerir à minha colega ligar e verificar se o bendito telefone andava funcionando, desisti, e pensei em orientá-la a usar o celular para outras coisas, como cantar no StarMaker, que não dá cano, que sempre te aprova ou reprova no ato, com nota e tudo, sem ficar com chove não molha. Mas não orientei.
Dado o adiantado da hora, me despedi com poucas palavras. Não tive chance e nem tempo de falar mais do que eu saberia dizer sobre estas relações diferentes, desenvolvidas por meio de textos de caracteres contados, quando por trás das curtas frases existe tanta coisa querendo ser dita.
Diante do adiantado da hora, me despedi. É que eu tinha baixado uma música no karaokê e estava, assim, doida pra chegar em casa e soltar a voz!

Um comentário:

  1. Vim aqui a partir de seu comentário e lendo atento sua escrita, temática e olhar... digo: gosto! Obrigada!

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