domingo, 21 de novembro de 2010

Será que eu estou assim, muito velha pra isso?


Hoje acordei cedo. Talvez cedo até demais.
A cabeça cheia de idéias sobre o artigo que preciso escrever para ser entregue daqui a quinze dias, cheia de outros contratempos, decidiu não querer descansar e pensar um pouco mais, querendo achar solução, querendo poder resolver os contratempos todos o quanto antes.
Como pela manhã todos eles não poderiam ser resolvidos, tomei um café da manhã lento e pensativo, depois almocei pouco, comendo só daquilo que eu gostava de fato, num dia nada tradicional pra quem tem pai e mãe experts na cozinha.
Durante a tarde, resolvi lidar com alguns dos contratempos, aqueles que estão ao meu alcance, e que dependem, em sua integridade, de mim. Decidi, com todas as minhas forças, tentar terminar meu artigo. Talvez para ocupar a mente, ou talvez para desocupar a mente.
Me sentei no meu mini-escritório, no canto do quarto, rodeada por cadernetas escolares, livros de literatura, livro de psicologia, dicionários e papéis, aqueles papéis e documentos, que não cabem em lugar algum, porque não usamos, mas porque quem sabe usaremos logo.
Abri primeiro o site da UOL e vi uma manchete sobre uma palestra do Roberto Shinyashiki em algum lugar. Li a crítica e quis pesquisar mais sobre ele na internet. Entre muitas sabedorias, li coisas como:
“"Lembre-se: Você é do tamanho dos seus sonhos”, assim subjetivas, ou
“Seja ético: a vitória que vale a pena é a que aumenta sua dignidade e reafirma valores profundos; pisar nos outros para subir desperta o desejo de vingança”, mais imperativas e objetivas; e outras mais sentimentais também, mas muito bem refletidas, como:
“O amor é um jogo cooperativo. Se vocês estão juntos é para jogar no mesmo time.”
Sentada na frente do computador, querendo encher a cabeça, querendo esvaziar, sem saber o que queria, só sabendo o que tinha que fazer, escrevi grande parte do meu trabalho.
Depois, sem saber o porque, quis ouvir Paralamas, “Me liga”.
A música é belíssima e canta a história de um amor em tom de Batalha Naval ou de “War”, jogo que eu, nada estratégica, nunca soube jogar.
“O nosso jogo não tem regras nem juiz.
Você não sabe quantos planos eu já fiz
Tudo o que eu tinha pra perder, eu já perdi
O seu exército invadindo o meu país.”

A música está, assim, até agora, no repeat, talvez pela décima vez, enquanto eu penso que gostei do Roberto Shinyashiki.
Ainda me lembro de minha mãe me contando que esteve no elevador, com ele, numa viagem pra São Paulo, no começo do ano. Penso, agora, que se fosse eu no elevador, nada tímida, eu, que converso muito, sempre, na fila do pão, no ônibus, talvez perguntasse pra ele mais sobre essas assertivas tão importantes, querendo entender de vez coisa que talvez eu não entenda.
Mas enquanto não conheço o Roberto Shinyashiki, penso nele, penso no meu artigo, penso em Batalha Naval. Penso se ainda está em tempo de aprender a ser mais estratégica, invadir países, se ainda dou conta de aprender a jogar jogos cooperativos, ou se ainda posso aprender a jogar War.
Será que eu estou assim, muito velha pra isso?

3 comentários:

  1. não há idade para começar, para errar então, rs,rs


    outro abraço

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  2. Andréia, não existe receita, não existe estratégia para as relações humanas, para entender o que foi feito para não ser entendido, para deixar de viver o que foi feito para ser vivido.

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  3. Anônimo, querido,

    Fiquei ontem pensando e desejei que não tivesse postado esse texto.
    Talvez porque você tenha razão: as relações humanas não são e nem poderiam depender de estratégias.
    Elas devem ser baseadas na compreensão, no cuidado, na cumplicidade, na paciência, no zelo, tranquilidade.
    E quando as relações são tratadas assim, os relacionamentos crescem e se fortalecem, tendem a ser mais genuínos, integrais, mais maduros, mais resolvidos, e maravilhosamente realizadores.
    Acabei não apagando o post, por pensar que ele representou um momento meu, e também em favor de não me desfazer dos comentários suscitados, tão importantes!
    Mas penso, agora, que a tranquilidade, a cumplicidade, a compreensão, tendem a ser grandes acréscimos para todas as partes das relações. São mecanismos de amadurecimento e valorização dos quais não podemos abrir mão.
    Obrigada sempre pelo diálogo.

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