
Ser brasileiro, de acordo com nossa cultura patriota, significa três coisas: ser um bom apreciador de feijoada, ter apreço pela festa comemorativa mais famosa do país: o carnaval, e, por último, odiar, sobre todas as coisas, nossos hermanos argentinos.
Há um mês atrás, Maradona, técnico da seleção argentina, se empolgou e prometeu ficar nu em público caso seu país ganhe o título da Copa do Mundo. Em suas palavras, dará a a volta no Obelisco, monumento de Buenos Ayres, o “espeto”, no grego.
Não posso mentir e deixar de admitir que o time argentino vem tendo ótimos resultados. O técnico, cheio de promessas, tem ganhado o apoio popular dos conterrâneos a cada dia.
Não posso deixar de admitir outras coisas. Tenho medo, estou com medo. De a Argentina ganhar também, é claro. Faz parte de nossa tradição e cultura torcer contra, com todas as forças, com todo o ar do pulmão.
Mas tenho medo, em especial, da vitória da Argentina trazer a cena, estampada no noticiário do fim de tarde, dos jornais do dia seguinte, tenho medo do registro eterno da imagem do Maradona nu correndo pelo Obelisco.
Tenho pena dos brasileiros, que entre ódio e indignação, serão forçados e ver Maradona, em sua plena forma de ex-jogador, comemorando a vitória. Tenho pena do Obelisco, monumento tão respeitável, palco de tantas manifestações importantes, que ficará eternamente beliscado pela memória do hermano nu.