segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Entre outros plantios, as flores.
Gosto de requeijão e sei pouco sobre plantas. Essa semana, porém, ouvi uma história sobre margarina e flores, que me pareceu me caracterizar como pessoa de alguma forma.
Gosto imensamente de saber histórias sobre meu passado, ainda que seja um passado distante. Falo das histórias mais antigas, não apenas as minhas, mas as de avós, bisavós.
Jantando em família, neste último sábado, meu tio me contou algo que eu não sabia.
Minha bisavó, Iracema, sempre tinha em casa, margarina, para acompanhar o pão caseiro quentinho.
A margarina, naquela época, quase sem exceção, morava dentro de latinhas, como é hoje a manteiga Aviação, uma das delícias de uma cidadezinha de Minas Gerais onde nasceu uma amiga que mora, hoje, longe de lá, e muito perto do meu coração.
De acordo com meu tio, quando a lata de margarina ficava vazia, antes mesmo de comprar outra margarina, muito antes de pensar em outro pão quentinho, minha bisavó plantava, sempre, sem exceção, uma flor dentro da lata.
Fiquei pensando que dentro de uma simplicidade que eu sei que existia, até por pensar que as latas de margarina se transformavam em vasos de flores, sei que existiu uma sensibilidade extrema da parte de minha bisa.
Me fascinou, sobretudo, o poder que uma boa lembrança possui, de realmente acompanhar e dar cor e tom a algo que já se foi, talvez há mais tempo do que gostaríamos, ou que outros nem tenha de fato vivido.
De maneira maravilhosa, a lembrança conservou esta imagem na mente de meu tio, e hoje povoa o meu imaginário, eu, que nem conheci minha bisavó Iracema.
Hoje, em especial depois de saber de minha bisavó e de suas flores, adoro pensar que a conheço. Penso no fogão à lenha fazendo nascer um pão, vejo a lata de manteiga passando de mão em mão, de neto em neto, e depois, penso nos netos vendo a avó plantando. Plantando família, plantando memórias, plantando flores.
Como já falei, sei pouco sobre plantas, como mais requeijão do que como manteiga, mas tenho uma bela história para compartilhar. É sobre uma grande mulher, que plantou, entre muitas coisas, flores.
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Querida Andreia,
ResponderExcluirFiquei muuuuuuiiito feliz com o seu bilhetinho em meu blog.
Menina, você sabe dançar com as palavras.Delícia de blog!
Minha avó se chamava Iracema e como tantas avós e bisas era delicada e gentíl.
Obrigada por compartilhar lembranças tão belas.
Já estou seguindo o seu blog com o maior prazer.
Mil beijinhos!!!
Na minha memória, tão congestionada e no meu coração tão cheio de marcas e poços você ocupa um dos lugares mais bonitos".
ResponderExcluir(Caio Fernando Abreu)
Feliz Semana.....Beijos meus!M@ria