segunda-feira, 28 de junho de 2010

Parto Anormal


Há alguns dias tive dores. Um tio tão querido sentiu que era tempo de ir, e deixou esposa, filhos, sobrinhos e amigos desorientados misturando saudades e impotência. Há quem diga, ingenuamente enganado, que ele descansou. Há quem tenha a certeza de que cansaço nunca fez parte de seu estilo de vida. Há quem não tenha se despedido, tão longe estava. Há quem tenha estado junto todo o tempo, e sofreu ainda mais.
O tempo amenizou as dores no peito, meu e dele.
Falando de meio acadêmico, conheci a poesia de Natália Correia. Por meio de suas fotos, conheci alguém de traços fortes, maquiagem escura nos olhos, e sempre acompanhada por uma piteira entre os dedos.
Desde que li Natália Correia, um verso não me sai da cabeça. “A gente só nasce quando somos nós que temos as dores”.
Se eu tivesse conhecido a Natália, por entre a fumaça branca de sua piteira, iria olhar no escuro de seus olhos e contar que me apaixonei por sua teoria da criação.
Falando sobre maternidade, sobre parto, ela fala uma grande verdade. Dor é parte da vida, é sinal de vida. Não doer é perecer. Eu sei disso porque ando nascendo um pouco todo dia, ando com saudades de meu tio.

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