Sou vaidosíssima. Qualquer ida ao supermercado, por cinco minutos que sejam, merece uma produção que envolva maquiagem e acessórios. Há quem não seja vaidoso, e para mim parece inexplicável. Sinto, porém, que minha vaidade é geneticamente e perfeitamente explicável.
Minha avó, que se foi tão cedo, costumava colorir os lábios de batom antes de dormir. De acordo com ela, quem sabe o que pode acontecer, assim, sem aviso, no meio da noite? Era bom estar preparada.
Minhas idas à casa da avó eram um mergulho no mundo dos cosméticos. Além dos batons, hidratantes e laquês, meu interesse sempre girou em torno de um anel que ela usava. Um fio de ouro dava a volta no longo dedo anelar de minha avó, e em cima do dedo dormia um lindo “A”, letra inicial de nossos nomes, meu e dela, em prata.
Por este motivo, o da inicial em comum, o anel sempre foi prometido a mim, quando fosse “moça”, nas palavras da avó.
Esperei ansiosamente durante anos, cuidando da jóia como se fosse meu, mesmo que ele ainda morasse no dedo dela.
Me recordo com carinho de um dia em que adentrei a casa de minha avó, numa tarde de semana comum, e a encontrei lavando as roupas no tanque. Vendo minha avó de dedos nus, perguntei pelo anel. Antes que ela me respondesse que o havia posto sobre o pires do armário da cozinha, minha imaginação deu conta de criar a cena de minha avó, com as mãos ensaboadas, vendo o anel se perder na água, nas bolhas de sabão e fugindo direto para o ralo.
Hoje, mais ou menos quinze anos depois, muitas perdas depois, muitas saudades depois, sou vaidosa. Faço da maquiagem e dos acessórios elementos integrantes de meu visual diário. O anel de minha avó, porém, raramente ou nunca faz parte de meu figurino. Descansa com todo o luxo numa pequena caixa preta aveludada, e nos raros momentos em que me pego olhando para ele, revivo uma história de muito carinho, muita saudade e pouca vaidade.
Nosso anel é singular, é particular, é especial demais para correr o risco de se perder, de fugir para o ralo, de se confundir com as bolhas de sabão, ou de se misturar ao meu visual, tão simplesmente vaidoso, tão puramente diário, tão ordinário.
Minha avó, que se foi tão cedo, costumava colorir os lábios de batom antes de dormir. De acordo com ela, quem sabe o que pode acontecer, assim, sem aviso, no meio da noite? Era bom estar preparada.
Minhas idas à casa da avó eram um mergulho no mundo dos cosméticos. Além dos batons, hidratantes e laquês, meu interesse sempre girou em torno de um anel que ela usava. Um fio de ouro dava a volta no longo dedo anelar de minha avó, e em cima do dedo dormia um lindo “A”, letra inicial de nossos nomes, meu e dela, em prata.
Por este motivo, o da inicial em comum, o anel sempre foi prometido a mim, quando fosse “moça”, nas palavras da avó.
Esperei ansiosamente durante anos, cuidando da jóia como se fosse meu, mesmo que ele ainda morasse no dedo dela.
Me recordo com carinho de um dia em que adentrei a casa de minha avó, numa tarde de semana comum, e a encontrei lavando as roupas no tanque. Vendo minha avó de dedos nus, perguntei pelo anel. Antes que ela me respondesse que o havia posto sobre o pires do armário da cozinha, minha imaginação deu conta de criar a cena de minha avó, com as mãos ensaboadas, vendo o anel se perder na água, nas bolhas de sabão e fugindo direto para o ralo.
Hoje, mais ou menos quinze anos depois, muitas perdas depois, muitas saudades depois, sou vaidosa. Faço da maquiagem e dos acessórios elementos integrantes de meu visual diário. O anel de minha avó, porém, raramente ou nunca faz parte de meu figurino. Descansa com todo o luxo numa pequena caixa preta aveludada, e nos raros momentos em que me pego olhando para ele, revivo uma história de muito carinho, muita saudade e pouca vaidade.
Nosso anel é singular, é particular, é especial demais para correr o risco de se perder, de fugir para o ralo, de se confundir com as bolhas de sabão, ou de se misturar ao meu visual, tão simplesmente vaidoso, tão puramente diário, tão ordinário.
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