Preciso confessar que adoro fazer
parte das modernidades adolescentes. Ainda que tenha alguma – vaga – noção de que
passei de fase, me sinto extremamente à vontade com elas, talvez porque me
permitam voltar exatamente pra onde pertenço: para as imaturidades que insistem
em morar mesmo que eu cresça.
Em um desses dias, a Polyanna –
filha postiça - me apresentou o StarMaker, aplicativo de celular que simula um
karaokê elaboradíssimo, que além de orientar o cantor – ou o que pensa que é -
com a letra da música, orienta também o tom e as oscilações da voz do cantor
original. Ganha ponto quem fizer bonito.
Na tentativa de convencê-la sobre
meu autocontrole, embora ela saiba bem da verdade, cantei apenas duas ou três
músicas, mas o fato é que estou in love com
o danado, e pretendo continuar exercitando meus dotes musicais.
Tudo isso para contar que em uma
dessas tardes encontrei uma colega que vejo com frequência. Apavorada, ela me
contava que o paquera não responde as mensagens enviadas por ela via celular. Estaria o celular dele desligado? Fora de área? Estaria o coitado do moço sem crédito
pra responder? Estaria ele não as recebendo, já que a VIVO tem andado MORTA?
Sofri para orientar minha colega.
Passei apertado tentando falar sobre esta arte de saber ao certo quem deve
ligar, quem não deve, que, de fato, não domino: Se um liga, acua o outro, se não liga, está
desprezando. Se preferir não ligar, e optar pela mensagem, pode parecer
descomprometido demais, mas pode também ser um modo sutil de chegar. Ficar sem
atender o mocinho pode ajudar a valorizar, mas se ele for dos impacientes, logo
desiste.
Quando pensei em sugerir à
minha colega ligar e verificar se o bendito telefone andava funcionando, desisti, e pensei
em orientá-la a usar o celular para outras coisas, como cantar no StarMaker,
que não dá cano, que sempre te aprova ou reprova no ato, com nota e tudo, sem
ficar com chove não molha. Mas não orientei.
Dado o adiantado da hora, me
despedi com poucas palavras. Não tive chance e nem tempo de falar mais do que
eu saberia dizer sobre estas relações diferentes, desenvolvidas por meio de
textos de caracteres contados, quando por trás das curtas frases existe tanta
coisa querendo ser dita.
Diante do adiantado da hora, me despedi. É que eu tinha baixado uma música no karaokê e estava, assim, doida pra chegar em casa e soltar a voz!
Diante do adiantado da hora, me despedi. É que eu tinha baixado uma música no karaokê e estava, assim, doida pra chegar em casa e soltar a voz!
Vim aqui a partir de seu comentário e lendo atento sua escrita, temática e olhar... digo: gosto! Obrigada!
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