domingo, 19 de maio de 2013

A história teve começo...


Há alguns dias eu conversava com uma amiga querida sobre como algumas crônicas surgem de um pequeno momento, nascem e crescem fáceis, se enfiando por todo o canto da cabeça e do papel igual trepadeira, enquanto outras, em estilo orquídea, delicadas, precisam ser paulatinamente regadas, alimentadas, precisam de silêncio e de paciência, mas brotam. Brotam e podem dar conta de tudo o que andava guardado pelos espaços da mente de quem escreve.
Essa crônica, a de hoje, é uma dessas. Morou na minha cabeça por quase um mês, e confesso que virou rascunho no papel, celular, computador, e, apagada e remodelada, se materializou quando finalmente me encontrei com o Pi.
Num dia desses, assisti ao premiado filme As Aventuras de Pi. O menino náufrago, sozinho no mundo, passa o filme lutando pela própria vida num mar desértico, confiando e agradecendo sua sobrevivência, diariamente, ao propósito Divino. O filme é lindo, sofrido, lição de vida, mas teve, pra mim, um pouco mais.
Acontece que este filme veio em busca da crônica que andava morando na minha mente, a crônica que queria se expressar sobre a partida do João, filho da minha amiga de faculdade, e que lutou como um náufrago num dos mares mais revoltos.
Assim como o Pi, o João conquistou o seu lugar, aprendendo a guerrear com as maiores adversidades que encontrou pela frente, sendo forte, tendo um alvo, e entendendo nas ondas tempestuosas o desafio de permanecer e vencer, pela mãe, pelo pai.
 Pi chegou à terra firme seguro e salvo, mas o João Gabriel perdeu a batalha. Não por cansaço, nunca por desânimo, em nenhum momento por renunciar, mas porque o mar não deu trégua, o mar simplesmente decidiu não se amansar.
As aventuras de João Gabriel entram agora para uma das maiores sagas de coragem das quais possamos nos lembrar. Como um náufrago desbravador, como um menino corajoso, o João se tornou história de vida a ser lembrada, a ser contada, a ser entendida como a história da chegada e da partida de um verdadeiro herói.
E quando o João chegou à terra firme, - sim, o João, - de grandes árvores de copas verdes, deixando o mar, sem nem mesmo olhar para trás, escreveu na areia molhada seu nome, entendendo que chegara ali para ficar, e, assim, ganhando a tranquilidade que há muito não tinha. E, como a história de Pi, a história do João não teve fim. Teve começo.

3 comentários:

  1. Um lindo paralelo com a, ainda incompreensível, história do nosso João.

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  2. sim, ele ganhou a tranquilidade que há muito não tinha, e o céu ganhou o anjo mais lindo e abençoado que poderia ter: o meu João Gabriel! e lá ele inicia um novo começo, e lá ele me espera para vivermos juntos novamente, na eternindade...

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  3. Andreia, você tem razão. O que vem dos céus, o que vem de Deus, sempre tem um começo, mas nunca tem fim...é eterno.

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