Há alguns dias eu conversava com
uma amiga querida sobre como algumas crônicas surgem de um pequeno momento,
nascem e crescem fáceis, se enfiando por todo o canto da cabeça e do papel
igual trepadeira, enquanto outras, em estilo orquídea, delicadas, precisam ser
paulatinamente regadas, alimentadas, precisam de silêncio e de paciência, mas
brotam. Brotam e podem dar conta de tudo o que andava guardado pelos
espaços da mente de quem escreve.
Essa crônica, a de hoje, é uma
dessas. Morou na minha cabeça por quase um mês, e confesso que virou rascunho no
papel, celular, computador, e, apagada e remodelada, se materializou quando
finalmente me encontrei com o Pi.
Num dia desses, assisti ao
premiado filme As Aventuras de Pi. O menino náufrago, sozinho no mundo, passa
o filme lutando pela própria vida num mar desértico, confiando e agradecendo sua
sobrevivência, diariamente, ao propósito Divino. O filme é lindo, sofrido,
lição de vida, mas teve, pra mim, um pouco mais.
Acontece que este filme veio em
busca da crônica que andava morando na minha mente, a crônica que queria se expressar
sobre a partida do João, filho da minha amiga de faculdade, e que lutou como um
náufrago num dos mares mais revoltos.
Assim como o Pi, o João
conquistou o seu lugar, aprendendo a guerrear com as maiores adversidades que
encontrou pela frente, sendo forte, tendo um alvo, e entendendo nas ondas tempestuosas
o desafio de permanecer e vencer, pela mãe, pelo pai.
Pi chegou à terra firme seguro e salvo, mas o
João Gabriel perdeu a batalha. Não por cansaço, nunca por desânimo, em nenhum
momento por renunciar, mas porque o mar não deu trégua, o mar simplesmente decidiu
não se amansar.
As aventuras de João Gabriel entram agora para uma das maiores sagas de coragem das quais possamos nos
lembrar. Como um náufrago desbravador, como um menino corajoso, o João
se tornou história de vida a ser lembrada, a ser contada, a ser entendida como
a história da chegada e da partida de um verdadeiro herói.
E quando o João chegou à terra
firme, - sim, o João, - de grandes árvores de copas verdes, deixando o mar, sem
nem mesmo olhar para trás, escreveu na areia molhada seu nome, entendendo que
chegara ali para ficar, e, assim, ganhando a tranquilidade que há muito não
tinha. E, como a história de Pi, a história do João não teve fim. Teve começo.
Um lindo paralelo com a, ainda incompreensível, história do nosso João.
ResponderExcluirsim, ele ganhou a tranquilidade que há muito não tinha, e o céu ganhou o anjo mais lindo e abençoado que poderia ter: o meu João Gabriel! e lá ele inicia um novo começo, e lá ele me espera para vivermos juntos novamente, na eternindade...
ResponderExcluirAndreia, você tem razão. O que vem dos céus, o que vem de Deus, sempre tem um começo, mas nunca tem fim...é eterno.
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