Há dois dias cheguei de viagem. O fuso, tempo dentro de
outro tempo, e que me deixou presa lá, com o corpo aqui, ainda anda tirando o
meu sono e me fazendo trocar a noite pelo dia, e confesso que ganhei um belo
par de olheiras que não haja maquiagem de free shop que resolva...
Além disso, minha viagem mexeu com outra concepção de tempo.
Voltei a lugares que visitei há doze anos, revi pessoas que a internet tratou
de aproximar depois de tanto tempo, pessoas tão mudadas, tão mães, tão chefes
de família, tão empreendedoras, tão adultas, porque o tempo, independente do
fuso, passou aqui, passou lá.
O tempo de lá levou pessoas queridas, que eu gostaria de rever, fez nascer outras, que aprendi a amar, mesmo estando há tão pouco tempo juntos. O tempo, aqui e lá, fez a gente crescer, fez a gente escolher uma
companhia pra quando o tempo nos deixar mais solitários, fez a gente sair de
casa e seguir os próprios passos e fazer a própria história e o próprio
caminho.
A verdade é que o meu caminho me levou até lá. Uma vez mais.
Mesmo depois de tanto tempo.
Na volta, dentro do avião, eu pensava no tempo. Pensava sobre quanto tempo havia passado, sobre em quanto tempo eu me encorajaria a voltar lá, sobre como o tempo estava sendo cruel por não voar mais rápido que o avião, me
sujeitando a catorze horas sentada, com todo o tempo do mundo para não fazer absolutamente
nada.
E enquanto pensava no tempo, em pouco tempo me lembrei: Me olhando no espelho do banheiro do hotel, não é que eu achei um punhado de cabelos
brancos?!
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